segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Férias

Finalmente depois de um ano bem tumultuado com a participação de personagens de contos de fada como: Nuvem Negra, a peste sarnenta; estou finalmente de férias.
Ontem às 2 horas da tarde resolvemos ir almoçar na praia. 
Chegamos ao Guarujá por volta das 4h da tarde para comer um peixinho frito na beira da praia regada a muito fatos engraçados do que ocorreram este ano que está por findar.
Tomamos sorvete, andamos pela orla e voltamos para casa... 

domingo, 29 de novembro de 2009

As 10 melhores praias do Mundo

Lista das 10 melhores praias do Mundo segundo o The Guardian (http://www.theguardian.co.uk/):
1- Las Islas Cies, Galicia, Spain
2- Tayrona national park, Colombia
3- Porto da Barra, Salvador, Brazil
4- Anywhere on Palawan, the Philippines
5- Nungwi, Zanzibar, Tanzania
6- Arambol, Goa, India
7- Whitehaven, Whitsunday Islands, Queensland, Australia
8- Shell Beach, Isle of Purbeck, Dorset
9- Sinclair´s Bay, Caithness
10- Aroa, Aitutaki, One Foot Island, Cook Islands

terça-feira, 27 de outubro de 2009

45 lessons life taught me

An amazing e-mail that I received today
Written by Regina Brett, 90 years old, The Plain Dealer, Cleveland , Ohio

"To celebrate growing older, I once wrote the 45 lessons life taught me. It is the most-requested column I've ever written."
My odometer rolled over to 90 in August, so here is the column once more:
1. Life isn't fair, but it's still good.
2. When in doubt, just take the next small step.
3. Life is too short to waste time hating anyone.
4. Your job won't take care of you when you are sick. Your friends and parents will. Stay in touch.
5. Pay off your credit cards every month.
6. You don't have to win every argument. Agree to disagree.
7. Cry with someone. It's more healing than crying alone.
8. It's OK to get angry with God. He can take it.
9. Save for retirement starting with your first paycheck.
10. When it comes to chocolate, resistance is futile.
11. Make peace with your past so it won't screw up the present.
12. It's OK to let your children see you cry.
13. Don't compare your life to others.. You have no idea what their journey is all about..
14. If a relationship has to be a secret, you shouldn't be in it.
15. Everything can change in the blink of an eye. But don't worry; God never blinks.
16. Take a deep breath. It calms the mind.
17. Get rid of anything that isn't useful, beautiful or joyful.
18. Whatever doesn't kill you really does make you stronger.
19. It's never too late to have a happy childhood. But the second one is up to you and no one else.
20. When it comes to going after what you love in life, don't take no for an answer.
21. Burn the candles, use the nice sheets, wear the fancy lingerie. Don't save it for a special occasion. Today is special.
22. Over prepare, then go with the flow.
23. Be eccentric now. Don't wait for old age to wear purple.
24. The most important sex organ is the brain.
25. No one is in charge of your happiness but you.
26. Frame every so-called disaster with these words 'In five years, will this matter?'
27. Always choose life.
28. Forgive everyone everything.
29. What other people think of you is none of your business.
30. Time heals almost everything. Give time to time.
31. However good or bad a situation is, it will change.
32. Don't take yourself so seriously. No one else does.
33. Believe in miracles.
34. God loves you because of who God is, not because of anything you did or didn't do.
35. Don't audit life. Show up and make the most of it now.
36. Growing old beats the alternative -- dying young.
37. Your children get only one childhood.
38. All that truly matters in the end is that you loved.
39. Get outside every day. Miracles are waiting everywhere.
40. If we all threw our problems in a pile and saw everyone else's, we'd grab ours back.
41. Envy is a waste of time. You already have all you need.
42. The best is yet to come.
43. No matter how you feel, get up, dress up and show up.
44. Yield.
45. Life isn't tied with a bow, but it's still a gift.
Its estimated 93% won't forward this. If you are one of the 7% who will, forward this with the title '7%'.
I'm in the 7%.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Salar Uyuni

Salar de Uyuni é a maior planície salgada do mundo. Está localizado no Departamento de Potosí e no Departamento de Oruro, no sudoeste da Bolívia, no altiplano andino, a 3.650m de altitude.

Cerca de 40.000 anos atrás, a área era parte do Lago Michin, um gigantesco lago pré-histórico. Quando o lago secou, deixou como remanescentes os atuais lagos Poopó e Uru Uru, e dois grandes desertos salgados, Coipasa (o menor) e o extenso Uyuni. O Salar de Uyuni tem aproximadamente 12.000km² de área, ou seja, é maior que o lago Titicaca, situado na fronteira entre o Peru e a Bolívia e que apresenta aproximadamente 8.300km².
Ilha do Pescado.Estima-se que o Salar de Uyuni contenha 10 bilhões de toneladas de sal, das quais menos de 25.000 são extraídas anualmente. Além da extração de sal, o salar também é um importante destino turístico. Seus principais pontos de visitação são o hotel de sal, desativado, e a Ilha do Pescado, com suas formações de recife e os cactos de até 10 metros de altura.
No início de novembro, quando começa o verão, é lar de três espécies sul-americanas de flamingos: o chileno, o andino e o flamingo de James. Os flamingos aparecem no verão pois é quando se inicia o período de chuvas e também quando acontece o descongelamento das geleiras nos Andes que deixa o salar coberto de água, tornando-o um imenso lago com profundidade média de 30cm. Nesse período, ele parece um enorme espelho que se confunde no horizonte com o céu. Assim os passeios ficam restritos a algumas áreas. Entretanto, entre abril e novembro todo o salar fica acessível, pois torna-se um imenso deserto seco com uma paisagem ainda mais exótica.
O salar é composto por aproximadamente 11 camadas com espessuras que variam entre 2 e 10 metros, sendo a mais externa de 10 metros. A profundidade total é estimada em 120 metros e é composta de uma mistura de salmoura e barro lacustre. O salar é também uma das maiores reservas de lítio do mundo, além de conter importantes quantidades de potássio, boro e magnésio.
Além do deserto de sal, ilha do Pescado e as lagoas coloridas onde se vê os flamingos, é possível, num mesmo "tour", conhecer lagoas de águas termais, sendo uma delas formada de piscinas e a outra natural. Também existem geiseres que exalam vapor a uma temperatura de 38ºC, a mesma temperatura da água. Outro local interessante é um cemitério com ossadas de antigos moradores da região. (Ref. Winkipedia)




quinta-feira, 8 de outubro de 2009

o Livro

Quer conhecer mais sobre a cultura mochileira? Tá aí uma reportagem interessante da revista Go Outdoor sobre o Livro considerado o guia de viagem mais underground do Mundo.
Você não encontra ele em nenhuma livraria, também não tem um único autor e exemplares dele, você só encontra em: uma lavanderia em San Jose, Costa Rica; num albergue sem placa em Bogotá, na Colombia; numa agência de viagens em Lima; num albergue, restaurante e social clube em La Paz, Bolívia.
Escrito por mochileiros israelenses, as vezes escrito em hebraico ou inglês, há dicas e troca da experiências.
Vale a pena ler a reportagem e ver o Livro..


 O livro

POR PATRICK SYMMES*
FOTOS FREDERIC LAGRANGE


Não dá para comprálo nas lojas, não dá para encomendá-lo pela internet, não dá para conhecer o autor (há milhares deles) e provavelmente não vai dar para lê-lo caso consiga encontrá-lo, já que grande parte está escrita em hebraico. Nosso repórter segue a trilha de uma lenda underground global: a bíblia de viagem que está ao mesmo tempo em toda parte e em parte nenhuma da juventude israelense, cansada do exército e doida para vagabundear livre pelo mundo
Mulher quéchua em Cuzco, Peru. Ao lado: um volume muito usado do Livro, o guia de viagem mais underground do mundo, da hospedaria El Lobo, em La Paz, na Bolívia
As páginas do Livro estão amareladas agora - não pelo tempo (o que são 16 anos?), mas pelo manuseio descuidado de leitores demais. Milhares de mãos sujas passaram seus dedos oleosos por essas páginas. Os embriagados, os entediados, os irritados e os excitados de muitos países o folhearam, usaram-no como apoio de copo e derrubaram migalhas de comida em suas dobras. Os cantos estão amassados e a capa foi coberta com papel marrom de padaria, como se fosse uma revista de sacanagem que ninguém quer ser pego dando umas espiadas.
Este livro - um volume específico de uma série incontável - nasceu em 7 de outubro de 1989, em um restaurante de La Paz, na Bolívia, quando alguém com tempo de sobra escreveu a primeira dica. Escrito em inglês, por uma mão não muito firme, o autor recomendava o hotel Torino como "provavelmente um dos hotéis mais baratos no centro de La Paz", apesar de alguns probleminhas ("os quartos não têm janela... escuro e desbotado... fedorento e sujo"). Já nesse primeiro registro estavam as musas que sempre dominaram o Livro: a Parcimônia e sua assistente, a Imundice. Havia mais um conselho na primeira página. Alguém rabiscou por cima do texto anterior: "O porteiro noturno me passou a perna, aquele BABACA!!!".
Há outros guias e compêndios para viajantes igualmente estranhos, obscuros e clandestinos por aí - a "Trilha dos Apalaches" tem um monte de registros excêntricos, a web transborda de blogs e páginas com dicas para todo tipo de viagem. Mas nenhum deles pode se gabar de ter o mesmo alcance global ou ser tão envolvente, desvairado e perceptivo quanto o Livro, o melhor guia desconhecido do mundo.
Livro não tem um único autor, editor ou empresa que o publique. Fisicamente falando, não passa de um conjunto de cadernos feitos à mão, descentralizados e frouxamente associados, ocultos em todas as mecas dos andarilhos na América Latina e Ásia - um conjunto desorganizado de dicas de viagem, números de telefone, esquemas para conseguir descontos, ilustrações alucinadas, teorias de conspirações, notas difamatórias pelas margens e reminiscências etílicas, escritas pelos e para os mochileiros do mundo todo que viajam por aí sem um tostão furado no bolso.
Retratos de jovens viajantes israelenses ao longo da rota do Livro, na Bolívia e no Peru, intercalados por cenas da "estrada" boliviana

Ele é, às vezes, chamado de o Livro do Viajante, ou o Livro da Memória ou o Livro Israelense, uma vez que depende principalmente de israelenses - essa nova diáspora de jovens viajantes que, com uma média de 22 anos de idade e um bom tempo do mais duro serviço militar obrigatório nas costas, fez surgir nos últimos doze anos uma subtribo global de nômades vestidos com ponchos e sandálias. Para os israelenses, oLivro é um conceito fluido, um tipo de hipertexto viral, meio mural de cortiça, meio caderno de anotações, ao mesmo tempo uma tradição oral e escrita.
Embora o Livro seja pouco conhecido fora do mundinho particular dos viajantes israelenses, ele se esconde bem debaixo do nariz de todos. Quatro volumes se encontram em uma lavanderia em San José, Costa Rica. Outros quatro estão em um albergue de jovens sem placa em Bogotá, na Colômbia, chamado Ornitorrinco. No Peru, o Livro se localiza em vários lugares, como uma agência de viagens, um sobrado cheio de goteiras em Huaraz apreciado por andarilhos gringos ou a Casa da Alegria, um albergue em Lima que nem sequer está na lista do Lonely Planet. Se souber onde procurar, o Livro está em toda parte. Se não, não está em parte alguma.
Eu ouvi falar do Livro pela primeira vez no início da década de 90 da boca de um soldado pára-quedista israelense que tinha acabado de chegar em Puerto Montt, no sul do Chile. "Então, cadê o livro?", perguntou ele para outro israelense. A resposta, dada em hebraico, foi: em um açougue de um judeu chileno. Demorou uma década para eu entender o que ele realmente tinha dito - não foi "Onde está o livro?", mas sim "Onde está nosso conhecimento? Nossa comunidade?". Passei a perguntar do Livroem todo lugar que ia, na suposição de que se alguém soubesse quais são os melhores lugares - ou pelo menos os não tão ruins - seriam os israelenses. Mais do que qualquer outra nacionalidade, eles incorporaram a ética do andarilho com ferocidade: vá longe, fique muito tempo, veja tudo.
Perigo, tenha cuidado! - não seja enganado por essa locadora de carros. Não dá para confiar no dono, ele é desonesto. Seus carros têm vários problemas técnicos e, ainda por cima, é impossível receber qualquer coisa por um conserto após ter feito o pagamento 
- YUVAL, NIR, ADI E SCHLOMIT, EL LOBO, LA PAZ, BOLÍVIA
MAIS CEDO OU MAIS TARDE todo israelense na América Latina larga a mochila pelo menos uma vez no restaurante, albergue e clube social chamado El Lobo, localizado a 3.420 metros de altitude mais um último, e cruelmente inclinado, lance de escadas acima no ar rarefeito da noite de La Paz. As paredes de El Lobo estão repletas de fotografias enviadas por membros agradecidos da nação mochileira, instantâneos de si mesmos em suas viagens por toda a América do Sul, muitas vezes realizando alguma façanha, principalmente quando estão pelados.
A família da dona, Dorit Moralli, emigrou de Israel para a Bolívia após a Guerra dos Seis Dias, a vitória em 1967 sobre a Síria, a Jordânia e o Egito que rendeu para Israel o dúbio prêmio da Cisjordânia e outros territórios recentemente desocupados. O Livroapareceu "um mês depois que abrimos", disse Dorit, enquanto sentava em uma das mesas de refeição do restaurante com um prato de almôndegas e arroz. Nos idos de 1986, quatro mochileiros israelenses entraram, comeram e pediram pelo "livro". Dorit não fazia a menor idéia do que eles estavam falando. Em outros lugares da América do Sul, explicaram, havia livros com páginas em branco nos quais os israelenses anotavam dicas de viagem. Eles tinham estado em Rurrenebaque, uma cidadezinha no meio da floresta que achavam que outras pessoas gostariam de conhecer. "Eles chegaram a comprar um livro e trouxeram aqui para nós", admira-se ela. O Livrooriginal de 1986, todo em hebraico, está guardado em segurança em um depósito hoje em dia. O segundo volume do El Lobo, uma mistura de inglês e outras línguas, inaugurado em 1989, continua sendo o exemplar mais antigo ainda em uso que consegui encontrar.
Livro foi criado em Israel no início dos anos 70 e, no princípio dos 80, ele já estava se espalhando pelo mundo. Ao longo dos anos a versão que se encontra no El Lobo ganhou tamanho até se tornar uma espécie de edição de luxo, com até 16 volumes regionais descrevendo a maior parte da América do Sul. Dorit - calorosa, gordinha e prática - tornou-se a mãezona de todos os israelenses e outros mochileiros. El Lobo passou por uma reforma nos anos 90, ganhando 20 quartos e um tipo de clube, cuja entrada é por uma porta sem indicação na cozinha. Hoje em dia é possível encontrar uma galera realmente globalizada de israelenses, austríacos, franceses e até mesmo o ocasional norte-americano sentada nos sofás velhos, jogando joguinhos de tabuleiros e tomando doses de Johnnie Walker por 2 dólares, enquanto assistem a comédias israelenses no vídeo. O Lonely Planet finalmente descobriu esse quarto dos fundos, aconselhando os viajantes na quarta edição de seu guia da Bolívia, de 2001, a visitar o El Lobo e "dar uma olhada em seus livros de recomendações para viajantes escritos em inglês e hebraico". Essa frase é a única referência publicada sobre o Livro que eu já vi.
Para chegar até o Livro, um funcionário israelense de cabelos escuros chamado Yiar me guiou passando por uma pilha de fogões de acampamento à venda até o topo de uma caótica prateleira. Gemendo, ele pegou um pesado caderno. Depois mais um e mais um - seis ao todo, cada um deles preservado por encadernações e papel de padaria. Cinco cobriam, respectivamente, a Bolívia, o Brasil, o Chile, a Argentina, o Peru e o norte da América do Sul. O mais velho dos seis, que estava caindo aos pedaços, era o venerável volume de 1989. A página título estampava as palavras: livre international pour les voyageur / international travel book / internationell resehandbook / libro internacional. E por aí vai, passando pelo português, japonês e o que parecia ser galês, até a última linha, onde alguém acrescentou: livro dos panacas convencidos que se acham o máximo só porque viajaram muito.
A primeira vez que ouvi falar doLivro foi no começo dos anos 90, e comecei a perguntar por ele por onde passava. Imaginei que, se alguém soubesse dos melhores lugares, seriam os israelenses
O que diferencia o Livro de outros quadros de mensagens para viajantes espalhados de Kathmandu a Chiang Mai é o que Yiar chamava de "os alertas", advertências especiais sobre anti-semitismo. Em um continente quase completamente católico, os jovens israelitas são uma bem-vinda curiosidade das terras bíblicas, mas, como em qualquer lugar, existem pequenos grupos de skinheads na Argentina, Chile e Brasil. OLivro do El Lobo soava o alarme a respeito de um hotel no Peru administrado por admiradores do Terceiro Reich. Outro registro alertava a todos que têm "um resquício de consciência" que evitassem um hotel em Sorata, na Bolívia, dirigido por um suposto traficante de armas. Uma página especial intitulada cuidado cobria os crimes e golpes mais comuns, citando maracutaias no Rio, policiais falsos em Bogotá e malandros em La Paz. Um certo parasita estava sempre a poucos dólares de juntar o dinheiro necessário para pagar a cirurgia que salvaria sua vida ("Cuidado", acrescentaram dois anos depois, "ele ainda está por aí").
Esse retoque em uma dica de dois anos de idade me fez lembrar porque ler o Livro é uma experiência fundamentalmente diferente de navegar por páginas de discussão e mensagens na internet. Os próprios israelenses usam websites como owww.lametayel.com ("Para os Viajantes"), o portal de uma popular loja de departamentos, para deixar registradas algumas dicas que costumavam gravar noLivro. Mas qualquer um que tenha se atolado na web sabe que ela pode ser ampla demais, acessível demais. Arrancar alguma sabedoria do meio de seu infindável mar de estática pode levar a noite toda. Para os jovens israelenses, criados quase desde o berço em meio a celulares e computadores, essa tecnologia toda é só mais uma coisa da qual querem fugir quando caem na estrada. Eles procuram por informações on-line até o dia da partida, mas voltam-se para o Livro - em toda sua majestade feita à mão - assim que suas viagens começam.
Se seu traseiro é feito de pedra e você curte engolir muita poeira, então sua melhor opção é com certeza pegar o ônibus! Senão, arranje duas garrafas de Pisco, uma de Sprite, um bom walkman e, se tiver sorte, duas meninas suecas, e torça para sobreviver!
- DAREN, SEATTLE, EUA, EL LOBO
UMA JORNADA DE 1.000 LÉGUAS muitas vezes começa simplesmente andando alguns metros. A minha começou há três anos, no El Lobo. "Então, cadê o Livro?", perguntei a dois israelenses, chamados Avi e Elad, que estavam na mesa ao lado. A resposta foi igualmente simples: siga-nos. Avi tinha 22 anos e usava cabelos compridos e um poncho. Elad, 24, estava com a barba por fazer e tinha caracóis escuros rebeldes. Aos 18 anos, praticamente todos os israelenses são convocados para as Forças de Defesa Israelenses (FDI); os homens servem por três anos, as mulheres por dois. Recém-liberados das tensas obrigações em postos de checagem e patrulhas, o que eles mais querem é viver uma vida normal por algum tempo. A FDI foi "ótima", disse Elad, mas "há muita pressão. Todo mundo corre pra longe depois disso".
Quando perguntei para onde estavam indo, Avi tirou um pedaço amassado de papel de suas calças, alisou-o na mesa e passou-o para mim. Era sua lista de locais israelenses entre ali e a Terra do Fogo. Esses picos não eram só para israelenses, é claro; a mesma rede atraía um sortimento variado de alpinistas canadenses, etno-espeleólogos alemães e suecos que haviam trabalhado em kibutzim. A estrada seguia para o sul até um albergue chamado Marith, nos arredores de Uyuni, próximo ao fim da estrada de ferro no sul da Bolívia. A partir desse lugar, o Livro recomendava que se atravessasse a fronteira para o Chile com a ajuda da Cristal, uma agência de excursões especializada nas planícies salinas bolivianas. No Chile, as principais paradas eram o hotel Indiana, uma pensão barata em algum lugar de Santiago, e Pucón, a capital dos esportes de aventura do sul do Chile, onde havia um albergue que já tinha pertencido a dois expatriados israelenses chamados Edi e Shay e, portanto, chamado de "o lugar que costumava ser de Edi e Shay". Na Argentina, encontraríamos um lugar em Bariloche chamado Quarto 1040.
Embora soubéssemos aonde queríamos ir, chegar lá foi outra história. A viagem para o sul saindo de La Paz foi um desastre. Eu embarquei minha mochila no ônibus errado, e, enquanto esperava por dois dias em Oruru até que ela chegasse (e chegou mesmo), Avi pegou o trem para o sul, na direção de Uyuni, no deserto. Enquanto isso, Elad mudou de curso de repente - ele ia se encontrar com cinco irmãs que tinha conhecido em La Paz, explicou. Quando consegui chegar ao albergue em Marith, Avid já tinha partido, me deixando um recado no quadro de avisos me instando a alcançá-lo.
Por quatro dias fui seguindo para o sul e para o oeste pelas vastas salinas da Bolívia, na direção do Chile em um jipe que parecia trombar com israelenses pelo caminho. No dia seguinte, em uma ilha coberta de cactos nas Salinas, mais ou menos a 4.000 metros de altitude, deparei-me com alguns sujeitos de Haifa. Antes de dois minutos de conversa um deles disse: "Você quer dizer o Avi do cabelo comprido? Claro que conhe-cemos ele". Avi estava logo adiante, "em algum lugar pra lá", disseram, apontando os picos andinos de 6.090 metros de altitude, cobertos de neve, que correm pela fronteira chilena. Na minha última noite na Bolívia, no livro de visitantes do museu de uma vilazinha, vi que Avi havia deixado o lugar naquela manhã.
Cuidado com os cachorros pulguentos em Islas del Sol. P.S. Além disso, os rapazes bolivianos sempre tentam descobrir o nome de nosso hotel para que possam telefonar e encher o saco
- CARLA, AUSTRÁLIA, EL LOBO
EL CAMINO DE LA MUERTE: a "rodovia da morte", que tem um desnível de 1.500 metros entre La Paz e a cidade de Coroico, na Bolívia
PARA OS ISRAELENSES, VIAJAR É UMA TERAPIA. "Viver em Israel, cercado de inimigos, dá a impressão de se estar em uma prisão mental", explica Yair Qedar, editor da Masa Acher, uma revista de viagem sediada em Tel Aviv. Todo e cada instante vem carregado de ameaça. Uma ida à pizzaria pode acabar com a explosão de uma bomba. E tem também a claustrofobia das famílias muito próximas em um país em miniatura, preso a antigas tradições sociais. "A sensação de sufocamento é constante", diz Qedar. "Quando surge uma abertura, você aproveita."
No início da década de 90 essa abertura surgiu. Os líderes israelenses e palestinos assinaram o Tratado de Oslo, a economia estava indo bem e o preço das passagens aéreas diminuiu. A Masa Acher passou de uma publicação menor para a maior revista mensal de Israel. Uma pequena nação - atualmente com quase 7 milhões de habitantes - gerou um enorme número de viajantes. Os mochileiros chamam esse movimento em massa de gal, ou "a onda". "Todo mundo segue a mesma rota", explica Darya Maoz, que administra um curso na Universidade Hebraica de Jerusalém chamado aspectos sociológicos e antropológicos do turismo e dos mochileiros. "Dependendo das estações, é Equador, Peru, Bolívia e certos lugares dentro de cada país", diz. "Se eles partem em fevereiro, começam a viagem pelo Carnaval no Brasil."
Maoz viajou como mochileira por todo o mundo, em diversas ocasiões, ao longo de oito anos, entrevistando israelenses para sua tese de doutorado ("Aspectos do Ciclo da Vida na Jornada de Israelenses para a Índia"). Muitas sociedades, lembra ela, encorajam seus jovens a dar um tempo e passar por um período de autoconhecimento. É o que é chamado de "ano de folga" na Grã-Bretanha, "perambulação" na Austrália e "desperdício de vida" nos Estados Unidos.
Nenhuma nação consegue escapar de seus estereótipos - pense nos fotógrafos amadores japoneses, alemães de sandálias com meias e norte-americanos em busca de algum lugar exótico que tenha todos os confortos de casa. Israelenses são criticados por... bem, talvez seja melhor Maoz explicar: "Eles tendem a ser rudes, xingar os nativos e estragar tudo se não estão satisfeitos", suspira. Com um orçamento apertado, eles discutem o preço de tudo - até mesmo, lembra ela, de uma xícara de chá que custa cinco rúpias (cerca de R$ 0,26). Após pôr para fora suas críticas sobre as falhas de caráter de seus compatriotas, ela conclui com a acusação de que "eles não respeitam o povo local, fazem festa a noite toda, tomam muitas drogas e, se alguém reclama, alguns o chamam de nazistas".
Eu só quero dizer que uma boa experiência não depende do local aonde se vai, mas sim do que há dentro de nós. Algumas das minhas melhores experiências saíram rasgando de dentro da minha cabeça, e elas foram incríveis
- ANÔNIMO, EL LOBO
LIVREIROS: personagens e paisagens ao longo da rota israelense da aventura na Bolívia e no Peru

EM BARILOCHE, O ENDEREÇO QUE AYALA - uma garota judia de cabelos escuros, formada em física e matemática e que havia adiado seu serviço militar para depois da faculdade - tinha me dado em um ônibus noturno parecia duvidoso. "Apartamento 1004", ela disse, lendo a escrita hebraica. Aha! Então esse era o nome verdadeiro daquilo que Elad havia chamado de "Quarto 1040". Era um edifício de escritórios semi-abandonado. O salão de entrada estava deserto. O elevador estremeceu e parou entre os andares quatro e cinco, onde alguns soldados-encanadores saídos do filme Brazil subiram a bordo. No andar dez, o mais alto, acabei em um corredor úmido e deserto, seguindo os números sob lâmpadas queimadas. No final dele, na última porta, lá estava: 1004.
Dentro, havia um divertido paraíso que custa cinco dólares a diária. Albergue 1004, como eu finalmente descobri como o lugar é chamado, era lindo, com ampla vista do lago Nahuel Huapi e dos Andes em uma sala de estar acarpetada. Havia duas lareiras. Os quartos eram bons, com camas pequenas mas boas, e os banheiros eram limpos. Na mesa de refeição gasta pelo sol no terraço, dois israelenses estavam fazendo perguntas a um francês a respeito do esqui em Bariloche. Era o melhor lugar para dar uma descansada que eu já tinha visto.
Essa é uma boa razão para seguir o Livro. O Livro sabia das coisas. Embora o Albergue 1004 apareça em guias de viagem, você nunca o teria escolhido em meio à vasta gama de opções de baixo custo. Mas, da mesma forma que têm feito ao longo da história, os israelenses passavam o conhecimento adiante, boca a boca, de ouvido em ouvido. O Livro aprendia o que eles aprendiam. Era um artefato analógico em uma era digital, diminuído em poder e importância por atualizações da web e e-mails nômades, mas jamais obsoleto. Lá no El Lobo, Dorit havia sugerido que a era dourada do Livrohavia passado. "Antes", disse, "o Livro era como a Bíblia. Agora, quase ninguém pergunta por ele." Ela tinha aberto um cibercafé e encorajava os hóspedes a deixar comentários no site do El Lobo, www. lobo.co.il. "Isso é história", disse ela, batendo no macio papel marrom. Se isso for verdade, então a história ainda está sendo escrita. OLivro não deveria existir, mas existe, um sobrevivente que contraria todas as probabilidades. O Livro prosperava em quatro volumes em uma lavanderia em Costa Rica; estava indo muito bem na Casa da Alegria, em Lima; estava renascendo em algum albergue barato do qual nunca se ouviu falar.
Da mesma forma que têm feito ao longo da história, os israelenses passavam o conhecimento adiante,boca a boca, de ouvido em ouvido. OLivro aprendia o que eles aprendiam.Era um artefato analógico em uma era digital, diminuído em poder pela web, mas jamais obsoleto
Alguns dias depois voltei para a estrada, sempre indo para o sul, mas dessa vez sozinho. Nunca mais vi Avi ou Elad novamente, nem na Patagônia, nem em nenhum outro lugar. Elad escrevia de vários pontos de parada: Boulder, Israel, Manhattan. A América do Sul tinha sido ótima, recordavase ele, dizendo que a experiência foi "a primeira vez em que fui livre pra valer". Com a clareza de visão que vem com a distância, o conflito entre israelenses e palestinos de repente parecia "idiota, desnecessário", escreveu ele. Embora os israelenses tivessem a vantagem material, ainda estavam "cegos", presos a uma visão estreita do conflito, incapazes de conceber uma saída. "Se essa é a situação em Israel", disse, "tente imaginar o que se passa em Gaza e na Cisjordânia, onde os palestinos vivem em uma bolha ainda mais estreita!" Ele sugeriu enviar os líderes de ambos os lados em uma viagem de seis meses pelo mundo, só para abrir suas mentes. A última vez que ouvi falar do Elad, ele estava a caminho da Índia. Talvez ele se encontre comigo aqui, ali, ou em algum outro lugar. A viagem ainda não havia terminado. Sempre há mais páginas do Livro a serem preenchidas.
*O EDITOR CONTRIBUINTE PATRICK SYMMES É O AUTOR DE PERSEGUINDO CHE: UMA VIAGEM DE MOTOCICLETA EM BUSCA DA LENDA DE GUEVARA (KNOPF, IMPORTADO).

quarta-feira, 4 de março de 2009

A Árvore da Amizade sob as Intempéries da Vida

A vida é um jardim onde florescem árvores variadas. Uma delas chama-se árvore das amizades que, de vez em quando, a gente precisa balançar para caírem as podres pois sabemos ser essa árvore muito resistente às diversas estações da vida cujas intempéries fazem apodrecer os frutos inconsistentes.

As intempéries que as submetem são, a provação, o interesse próprio e o medo.

A provação deixa-nos indefesos, ainda que temporariamente, mas os frutos bons não se estragam com essa situação.

Toda provação tem uma medida certa, uma dosagem adequada à vida para nos florescer a esperança, a experiência e a força [resistência].

Os frutos cuja essência é apenas o interesse próprio apodrecem indefinidamente.

O interesse próprio é a essência do orgulho e este se enfraquece na provação.

Submete-se ao poder da esperança, da experiência e da força e assim surge o medo.

O medo é a direção do orgulho que desconhece a resignação, a temperança, a prudência e a perseverança.

É o adversário da fé.

No meio da provação o interesse próprio é desmascarado e o medo denuncia as amizades podres.

De vez em quando precisamos balançar [observar] posto que, em verdade é a própria vida que se encarrega disso.

Devemos apenas estar atentos e aprender a crescer quando essas intempéries se nos apresentarem.

Como a teoria da evolução das espécies, através da seleção natural, a árvore das amizades também seleciona os frutos que devem permanecer.







 
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